quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A cereja proibida

Como de costume, ela junto de suas companhias de sempre frequentava os mesmos lugares, já era algo tão normal que não havia espaço para questionamentos, era automático fazer as mesmas coisas todo dia, afinal aquilo era o certo a ser feito. Meio a seus caminhos, uma vez ou outra, ela via algumas pessoas saindo do caminho a ser seguido, aquelas que eram olhadas de um modo estranho. Mas para ela não era exatamente assim. Havia um estranhamento ao observa-las daquele modo tão diferenciado, claro, porém não as julgava do mesmo modo que a maioria daquele lugar fazia. Escutar aqueles comentários não lhe agradavam muito. De dia a dia, de tanto as observar, acostumou-se com a ideia de segui-las, resolveu ir, ao menos um dia. E assim foi. Numa tarde qualquer decidiu fugir por alguns instantes em que não era observada, assim ninguém notaria sua falta e não seria vista. De esquina em esquina ela se escondia e seguia aquelas pessoas tão diferentes para saber onde tanto frequentavam. Ao chegarem em seu destino, a garota parou. Observou aquele lugar da rua por um bom tempo. Ela queria entrar, ela sabia disso, sua curiosidade estava aumentando. E assim ela entrou naquela casa. Com muita cautela ela entrava nos corredores, não podia ser vista por ninguém, queria se arriscar sozinha. Entre o corredor de madeira e escuro, uma das portas lhe chamou a atenção: pintada de sua cor preferida era acompanhada de tudo que mais lhe agradava, fotografias, algumas frases escritas, e até mesmo o cheiro que saía daquela sala por trás daquela porta. Por alguns segundos se perguntou se deveria fazer aquilo, mas a curiosidade era muito grande e ela abriu a porta. Ao fazer isso, deparou-se com uma parede repleta de fotografias, havia música tocando e uma estante enorme no meio da sala. Era um ambiente de se impressionar, naquele momento ela se perguntava como as pessoas falavam tão mal daquelas que frequentavam aquele lugar. Analisando aquela grande estante velha de madeira, no topo, avistou uma caixa de vidro. Com a curiosidade presente desde que se arriscou neste novo caminho, foi escalando até chegar bem perto daquela caixa. Ao ver o que esta guardava, ficou surpresa. Uma cereja. A caixa de vidro guardava uma cereja. Mas não qualquer uma, aquela era muito avermelhada e maior que todas as outras que já tinha visto. Seus olhos grudaram naquele ponto vermelho, um desejo havia sido despertado dentro daquela garota. Ela queria a cereja. Mas aquilo era certo? Isso seria ir contra tudo que lhe é dito nos lugares que frequentava. Após olhar bastante para aquela cereja, percebeu um pequeno papel ao lado com um aviso: somente as pessoas que fossem frequentadoras daquela casa poderiam pega-la. Aquilo a incomodou, tanto o fato de estar desejando algo daquele grupo, quanto ao fato de não poder tê-la se não mudasse para este grupo. Após essa descoberta, achou melhor voltar para sua casa. Chegou e falou com sua família como se nada houvesse acontecido, mas lá dentro ela sabia. Aquele desejo havia surgido. Ela tentava distrair sua mente com qualquer coisa, funcionava, mas frequentemente aquela sala tão encantadora era lembrada, o que a fazia lembrar daquela cereja. A cereja proibida. Por que ela a desejava? Aquilo não podia estar acontecendo, o que seria dela se descobrissem que ela saiu do caminho que sempre fez? Mas a cereja continuava lá. Os dias passaram, o desejo continuava. Ela não sabia se a cereja ainda permanecia naquela caixa, não sabia se aquilo era certo, não sabia nem se possuiria a permissão de tê-la, não sabia se o desejo de tê-la era o suficiente para que ela entrasse para aquele grupo. Mas a garota sabia que o desejo havia aparecido. Conforme os dias passavam, ela guardava para si toda aquela lembrança. Mantendo-se distante daquele lugar ela estava segura de tudo e de não desejar mais aquela cereja, porque ela sabia que se voltasse àquela casa naquela sala, o desejo voltaria. Ela não sabia se continuaria com essa história ou não, mas por enquanto, o proibido ficava em segredo. 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A menina e o passarinho II

A chuva estava chegando. Mas junto a ela veio algo a mais, o passarinho havia voltado. Só com esta volta a menina havia ficado feliz, mesmo que houvesse algumas ameaças de chuva. Os dois passaram horas juntos, foi divertido para os dois, afinal passaram muito tempo separados. Como a menina havia previsto, a chuva chegou, mas não como o esperado. Aquela chuva não era capaz de destruir tudo o que estava por aquele lugar, não era destruidora, mas sim renovadora. A menina fazia com que cada gota que caía sobre seu rosto levasse uma tristeza embora, e apenas se concentrava no quanto aquele instante estava bom. As gotas de chuva eram cada vez mais presentes, mas isso não era tão incomodo, aquele momento era dos dois, apenas dos dois. Ao observa-lo a menina percebia o quanto aquele pequeno passarinho lhe trazia paz; era verdade, ela o amava. Após um tempo, enquanto apenas estavam se observando, ela viu como gostava disso. Apenas isso, olhar aquele pequeno passarinho na sua frente. Ao voltar para sua casa, pensativa, se perguntou se algum dia seriam apenas conhecidos, que foi muito bom enquanto durou, ou se continuariam assim para sempre. Mesmo sabendo que o 'para sempre' não existe, ela gostava de imaginar que nessa situação o para sempre seria possível.

sábado, 19 de janeiro de 2013

A menina e o passarinho

Ela vivia no escuro, nuvens nebulosas, cinzas e carregadas não a deixavam. Após um tempo, como num passe de mágica, um passarinho surgiu. Encantada com a mudança brusca, passou a segui-lo. Conforme sua aproximação aumentava, as nuvens tornavam-se mais claras, até que um dia não havia mais espaço para nuvem alguma. Que sorte a dela aquele passarinho ter surgido, ela pensava, desde que ele havia chegado somente dias ensolarados se faziam; algumas nuvens andavam por perto, mas o sol era mais forte. Após um período, o passarinho precisou voar para longe; a menina não queria que ele se fosse, e ela podia jurar que aquele pequeno passarinho sentia o mesmo, mas aquela separação era inevitável; e assim foi. Longos dias foram aqueles que a menina passou longe da presença daquele pequeno passarinho, mas ela sabia que essa separação não era permanente, apenas momentânea. Seus pensamentos eram ligados de alguma forma, deste modo, aquela distância não atingia estes dois, podiam se divertir ainda que fisicamente distantes. Entretanto, após esta longa temporada separados, a menina já não podia mais sentir o que era sentido antes, toda aquela felicidade de quando o passarinho estava presente já não aparecia mais, ela apenas sabia que era um bem estar grande quando estes dois se juntavam, mas já não era mais capaz de senti-lo ao se lembrar do que passaram juntos. Enquanto o passarinho não voltava, a menina permanecia a espera do dia do reencontro. Ela caminhava pelo campo, observando aquelas nuvens nebulosas voltando, avistando o mal tempo se aproximando. Enquanto a chegada das nuvens parecia cada vez mais próxima, ela se perguntava se quando aquele passarinho voltasse ele seria capaz de fazer com que aquela tempestade fosse embora, assim como ele fez, sem saber, quando surgiu para a menina pela primeira vez.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Continue sorrindo

Sempre há aquelas pessoas mais estouradas e aquelas que são o ponto da paz. Pessoas com os nervos a flor da pele quando se alteram de algum modo já é considerado algo normal, o que faz com que sua irritação perca um pouco de seu valor. Já aquelas que são a calmaria, que todos procuram, quando por algum motivo saem do comum é algo diferente, até mesmo assustador. Como aquela pessoa que sempre está calma e relaxa aqueles nervosos pode ficar estressada? Não, isso não é o certo, ela tem o direito de apenas estar sempre sorrindo e feliz, é o que ela faz.
Para que viver? Não é algo tão necessário assim. Todos tem medo da morte, mas não acho que seja isso. Todos tem medo de como ela irá chegar. Já disse aqui, e repito, não tenho medo de morrer, apenas o modo como irei embora desse mundo. Por mim.. não faço questão de estar aqui. Apenas fico pelas pessoas que me querem bem, nunca poderia fazer uma coisa dessas com elas, não posso pensar em machuca-las. 
Me excluir de tudo e todos, me perder no mundo das palavras e dos números. Seria bom se excluir de todos, não é uma ideia tão ruim, evita arrependimentos e decepções futuras, seja de quem vier. Esquecer até do mundo a fora, não se concentrar em mais nada a não ser o teórico, em algum momento há de tornar-se um hábito. Ter felicidade baseada em chocolate pode tornar-se normal, afinal, é o gosto bom mesmo. Entrar no que todos falam, fazer a vontade de todos. Talvez por isso que seja difícil, essa vontade toda está nos outros, mas não dentro de mim. Que tentem. Quem sabe se me forçarem com uma colher daquelas bem grandes e enfiarem goela abaixo essa ideia, finalmente, entra na minha cabeça para que eu mesma tenha essa vontade? Pode ser que funcione. Mas também não devem esquecer que quando o remédio é realmente ruim, algumas crianças simplesmente pegam a colher e a jogam para o outro lado do cômodo.
Não ter vontade de nada, que coisa feia. Que tipo de pessoa é você? Apenas atende aos seus interesses. Quando se trata de ter responsabilidade e correr atrás dos compromissos você nunca se interessa. Você precisa mudar. Não farei mais nada, quem sabe da sua vida é você, tudo o que fizer a partir de agora será de sua responsabilidade, você trilhará sua vida. Ridículo o que você faz, precisa rever suas prioridades.
Ah e não se esqueça, você precisa ser sorridente, essa sua cara de insatisfeita não agrada ninguém, queremos você sorrindo.